ENTENDA AS TÉCNICAS E OS BENEFÍCIOS DA MASSAGEM TÂNTRICA

Entenda as técnicas e os benefícios da Massagem Tântrica

Por Maria Clara Cabral
O desconhecimento em torno do assunto causa polêmica. Mas, afinal, o que é e para que serve a massagem tântrica? Segundo o terapeuta formado pelo Centro de Referência Mundial em Terapia Tântrica Metamorfose, Thiago Gopi, a técnica é um processo terapêutico que auxilia na cura de disfunções sexuais e no desenvolvimento corporal e emocional. Num bate-papo com o Guru da Cidade, ele contou como funcionam as sessões da massagem, quais são seus benefícios e a confusão que é feita com a massagem erótica.

Guru da Cidade: Como você se tornou um terapeuta tântrico?
Thiago Gopi: Essa história toda começou com o meu desenvolvimento pessoal. Eu estava com 27 anos, tinha acabado de sair de um relacionamento e sentia uma necessidade extrema de dar outro sentido para o sexo. Não tinha nenhuma disfunção, descontentamento ou qualquer problema com o meu corpo, mas também não tinha uma sexualidade avançada e nem era da área da saúde.
Foi quando comecei a fazer minhas pesquisas pessoais e cheguei ao tantra. Encontrei um argentino chamado Gabriel Saananda, que mora em São Paulo, ele tem um centro que se chama Companhia do Ser, parecido com o Metamorfose onde me formei. Fiz algumas sessões, e a coordenadora me deu um curso individual, que não é o da formação, é o curso que eu dou hoje para as pessoas que querem aprender para compartilhar com seus parceiros. Foi ali que eu tive vontade de ser terapeuta. Voltei para Cuiabá e na primeira oportunidade me inscrevi no curso de formação, que dura 4 meses.

“Eu vim do Centro Metamorfose, uma instituição muito séria que trabalha com isso há 30 anos, não é uma galera aventureira que quer curtir uma vibe diferente e passar para os outros” 

Guru: Então existe uma certificação do espaço e do profissional para trabalhar com o método?
Thiago: Sim. Eu vim do Centro Metamorfose, uma instituição muito séria que trabalha com isso há 30 anos, não é uma galera aventureira que quer curtir uma vibe diferente e passar para os outros. Eles se intitulam como uma instituição de pesquisa e elaboração de técnicas voltadas para a sexualidade, com o viés do tantra.
Eles padronizam tudo: as técnicas, os procedimentos dentro da sessão, a postura do terapeuta, a comunicação e a divulgação do trabalho nas redes sociais. Existe, inclusive, uma necessidade de se moldar para ser um terapeuta, porque há vários aspectos que a gente lida que vão além da sexualidade. Quando eu comecei, eu tinha uma vida normal de jovem, bebia, me alimentava de qualquer coisa, não tinha objetivos concretos ou ideais e, depois disso, eu mudei minha alimentação, passei a ser vegetariano, não bebo mais álcool e cuido mais da minha espiritualidade. O método que eu uso é o Deva Nishok, um estudioso e seguidor do Osho, que foi até a Índia conhecer o tantra.
Guru: É uma religião?
Thiago: O tantra não é uma religião, mas uma terapia que faz com que a pessoa passe a se conhecer e reflita sobre a vida e a sexualidade. Enquanto a maioria das religiões condenam ou limitam o sexo de alguma maneira, o tantra usa disso para que você se conheça.
Guru: O Tantra é um método que busca o orgasmo? Como ele age?
Thiago: A gente fala muito dos orgasmos, da parte fisiológica, mas o tantra trabalha, na essência, com a Kundalini, que é a energia vital e pode ser traduzida como energia sexual. É a energia que te dá tesão de levantar da cama e fazer suas atividades. Pessoas que não têm tesão, estão passando por alguma disfunção sexual, corporal ou emocional, tanto que um dos primeiros sinais da depressão é a diminuição da libido.
A gente fala do orgasmo, mas não como um orgasmo erótico, fantasioso, que você precisa usar o mental ou outros sentidos. O que a gente mais faz é mascarar aquilo que dá prazer, seja por cunho social ou para satisfazer a vontade do outro. Eu vejo muitas abordagens em alguns terapeutas que é vender orgasmos, mas a terapia é muito mais profunda que uma sensação de prazer momentânea. Você vai ter isso, é uma consequência, não um objetivo.

“A terapia é muito mais profunda que uma sensação de prazer momentânea. Você vai ter isso, é uma consequência, não um objetivo.”

Guru: Por quais motivos a pessoa procura pela terapia tântrica?
Thiago: São dois tipos de pessoas que me procuram: aquelas que têm uma disfunção sexual já aguda e um descontentamento, ou aquelas que querem um desenvolvimento e autoconhecimento maior. A questão sexual é, geralmente, a porta de entrada para muitas pessoas, porque a terapia lida com a sexualidade de forma muito aberta e sem tabu, isso assusta algumas pessoas, mas aproxima outras. E tem ainda um terceiro grupo, que são as querem somente aproveitar os benefícios técnicas, inclusive é de onde surgem os pseudo-terapeutas, que têm formações muito básicas, para uso pessoal.
Guru: Quais são as técnicas utilizadas?
Thiago: O tantra tem todo esse ideal por trás, já as técnicas para acessar esse ideal, a gente parte de praticamente duas: as meditações ativas e a massagem tântrica. As meditações funcionam de forma parecida com a própria passagem, só que a gente usa outras ferramentas, não tem o estímulo presente. Na massagem, a gente faz todo o trabalho corporal de sensibilização através do toque e dos estímulos genitais, justamente por ser o local onde há maior concentração da energia vital, para que ela saia dali, descentralize o prazer e exerça sua função.
Guru: Quais são os principais passos da terapia?
Thiago: Primeiro a gente senta e conversa. Antes de mais nada, eu vou rastrear o que é mais adequado, justamente por ter o conhecimento do ideal tântrico e não só das técnicas. Então, eu vou nas demandas da pessoa, o que ela quer melhorar, qual os anseios e objetivos em passar por esses processos. É em cima disso que eu vou propor a meditação ou a massagem. Eu digo que nem todo mundo que passa por aqui precisa viver o ideal tântrico, pode-se apenas se beneficiar dessas ferramentas e continuar vivendo normalmente. Não fazemos nenhuma lavagem cerebral, apenas apresentamos possibilidades diferentes. Muita gente vem aqui acreditando que uma hora e meia vai mudar a vida dela completamente, mas a gente está lidando com vivências de anos, com cargas e crenças muito antigas.

“O toque tem uma técnica correta, não envolve a palma da mão, a gente não acaricia a pessoa e não é um contato íntimo.”

Guru: Como é o toque na massagem tântrica?
Thiago: O toque tem uma técnica correta, não envolve a palma da mão, a gente não acaricia a pessoa e não é um contato íntimo. A gente só toca a ponta dos dedos, porque é onde canaliza a energia que vai movimentar a energia que está no corpo. O que também é diferente da técnica Reike, por exemplo, que não chega a tocar, apenas passa sobre a pele. A massagem tântrica tem o toque, porque não quer só mexer com a energia, mas acredita que a pele e o toque despertam muita memória.
Guru: E o estímulo genital?
Thiago: A parte da estimulação genital tem dois vieses. O biológico, que é trazer tonificação para a região genital tanto do homem quanto da mulher, o que gera sensações novas, porque existem muitas regiões que a pessoa nunca estimulou ou nunca teve acesso. Então, isso vai fazer com que haja uma ereção maior, em tempo e qualidade, vai muito mais sangue para o pênis e vagina, porque quando a gente trabalha com estimulação muscular, a gente libera mais vasos para irrigação sanguínea. É isso que reverte a disfunção erétil do homem, por exemplo. Depois a gente entra na parte energética da coisa, da sustentação de energia e do prazer. Com ela, a pessoa consegue ter a sensação do quase orgasmo por muito tempo e decide a hora que quer e se quer, porque não gozar não significa que você não teve orgasmo.

“Não gozar não significa que você não teve orgasmo”

Guru: Qual a diferença da massagem tântrica para outros tipos de massagem?
Thiago: A massagem tântrica não está nem classificada como massoterapia, porque não é um processo clínico. Quando você está com dor muscular, você vai em um profissional que tem a técnica para relaxar aquele músculo, tirar a tensão de um ponto específico. Aqui a gente não vai mexer com ponto específico, mas com a parte emocional também, não envolve só o corpo. Tanto que, para a pessoa ter o benefício da massagem, ela precisa entrar em um processo meditativo, porque é esse conjunto que vai fazer com que a gente acesse memórias corporais, dissolva traumas e tenha contato com chaves mentais. Eu concordo que muita coisa pode se resolver em uma única sessão, mas tem coisa que está lá no fundo.
Guru: Qual é a diferença entre masturbação e ato sexual?
Thiago: Um ato masturbatório seria um autotoque. Na massagem a pessoa não toca em nada, ela é estimulada. Uma masturbação também está relacionada com estímulos visuais, ou seja, a pornografia. Por isso, eu falo que a gente desvincula o erótico, a gente está levando a pessoa para um processo meditativo e não dando estímulos visuais para que ela se excite. A gente estimula o corpo para que ela eleve a energia sexual e tenha uma percepção própria e, consequentemente, a excitação.
Não é algo que vem do mental, mas vem do corporal, do sentir, e é essa a diferença quando você compara a massagem com um ato sexual ou uma masturbação. Além disso, no ato sexual há envolvimento de duas pessoas e aqui não tem envolvimento nenhum, é um processo individual, até por isso que casais não recebem a massagem juntos, para que não desperte o fetiche. Se isso acontece, você já está trabalhando com uma massagem sensual, muita gente quer classificar a massagem tântrica assim e não é.


“É um processo individual, até por isso que casais não recebem a massagem juntos, para que não desperte o fetiche. Se isso acontece, você já está trabalhando com uma massagem sensual, muita gente quer classificar a massagem tântrica assim e não é.” 


Guru: Como funciona a terapia para o casal?
Thiago: Para o casal existe um curso, onde a gente os eleva para a perspectiva do terapeuta. Não usamos o estimulo erótico nesse caso, porque ele vai levar aos condicionamentos que o corpo já conhece, e se o casal quer algo a mais, eles têm que estar dispostos a mudar essa concepção. Quando eles estão fazendo a massagem um no outro, a gente pede para que não haja contato íntimo, ‘baboseirinha’ no ouvido, uma mão boba aqui, uma carícia lá, porque a pessoa é orientada em cima das técnicas. Mas, eu costumo dizer que não sou terapeuta de casal, sou terapeuta corporal, não posso resolver problemas de relacionamento, posso atender cada um na sua individualidade, porque quando os dois estão bem individualmente, os problemas do relacionamento se resolvem.
Guru: Existe um perfil de quem procura a terapia?
Thiago: Não, as pessoas procuram a terapia por vários motivos. Quando eu comecei, atendi bastante homens, o que me surpreendeu. O homem com alguma disfunção sexual tem muita vergonha de se abrir com uma mulher, então ele prefere fazer com outro homem. Assim como acontece com algumas mulheres, seja por vergonha ou porque o companheiro não pode saber, por exemplo. São pessoas de todas as idades, porque a procura depende muito mais da demanda que, geralmente, são disfunções sexuais e emocionais em todos os patamares.
Guru: Qual o maior receio das pessoas ao procurar a terapia e como o profissional estabelece esta confiança?
Thiago: O que eu mais vejo de receio são implicativos dentro do relacionamento. Muita gente chega falando que o companheiro ou companheira não gostaria ou não entenderia. Ainda é um tabu. Mesmo depois de entrar em contato comigo e tirar todas as dúvidas, tem gente que fica um ano ensaiando, criando coragem. A confiança só se estabelece na própria terapia.
Guru: Para quem você indica a terapia tântrica?
Thiago: Para todo mundo. Eu falo para as pessoas que foi justamente esta frase que ecoou na minha cabeça a primeira vez que eu passei por uma sessão. Todo mundo deveria ter contato com isso, porque pode abrir os olhos para muita coisa que você vem repetindo na sua vida, não só em relação ao sexo.
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Fonte:https://gurudacidade.com.br/2017/04/25/como-a-massagem-tantrica-pode-mudar-sua-vida-sexual/

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