O BUDA E O MALFEITOR


O BUDA E O MALFEITOR
         
          Conta-se que da mesma forma que Jesus o Senhor Buda, antes de elevar-se aos cimos celestiais, visitou os círculos inferiores da espiritualidade a fim de irradiar a Sua luz e energia para os corações dos impenitentes daquelas regiões purgatoriais.   
          Quis a Providência Divina que o Mestre se defrontasse com um conhecido malfeitor das redondezas onde Ele vivera, cuja fama de mau espalhara o terror nos corações simples dos habitantes locais.  
          No fundo de um poço escuro e lamacento, rebolcando-se em agonia na companhia de seus asseclas, o facínora viu a Luz do Buda aproximar-se e bradou angustiado:
          - Senhor, por misericórdia, tira-me daqui!
          O Buda fixou por um instante o infeliz metamorfoseado em sua loucura e, tomado de compaixão, lhe falou:
           - Conheço-te a fama, irmão. Ignoraste todas as lições do Bem que espalhei nos caminhos que trilhei e criastes para ti mesmo, com teus tresloucados atos, este abismo de sofrimento que agora te consome. Fez uma pequena pausa e continuou:
           - Mas, hás de ter feito algum bem em tua vida, pois não é possível que alguém seja totalmente mau. Anda... procura em tua mente, a fim de que eu possa te ajudar.
           Enquanto o Buda esperava pacientemente na borda do poço, o malfeitor pressionava-se duramente para descobrir algum ato de bondade que houvesse praticado. Mas, tudo em sua mente parecia ser só maldade. O Buda fez então um gesto de retirar-se, quando, de repente, o malfeitor recordou que certo dia, a caminho de um assalto, evitara pisar numa pequena aranha que se colocara em sua passagem.   
          - Mestre! Falou pressuroso. Certo dia evitei pisar em uma aranha que atravessou o meu caminho...
          - Muito bem! disse o Buda. Amor deve ser pago com amor. Que a aranha retribua o benefício!
          Imediatamente surgiu na beira do poço uma pequena aranha, que celeremente teceu um tênue fio de seda até o fundo. Rapidamente, o malfeitor agarrou o fio com toda firmeza e começou a subir por ele, admirando-se de sua resistência.
          Quando já se achava a meio, notou que um cacho humano, formado pelos seus antigos asseclas, também tinha começado a escalar pelo fio. Temeroso de que ele se partisse, bradou estentórico:
           - Larguem... larguem o fio. Ele é meu!  
           Imediatamente, o fio, que até então havia suportado todo o peso, como se ele não existisse, partiu-se, precipitando todos novamente no abismo, onde consta que permaneceram largos anos culpando-se uns aos outros, em meio a grandes tormentos.
           Havia, porém, uma lição a ser aprendida. E antes de se retirar o Buda comentou:
          - Infelizmente, vocês ainda não estão preparados para usufruir os benefícios do amor. Por isso, o fio partiu-se. Aprendam a lição: os liames do egoismo são frágeis, mas o fio da caridade, mesmo sendo tênue, jamais se rompe.

Fonte:http://www.espiritbook.com.br/profiles/blog/show?id=6387740

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