OS ESTÁGIOS PRELIMINARES DA MEDITAÇÃO – CHANDRA SWAMI

OS ESTÁGIOS PRELIMINARES DA MEDITAÇÃO – CHANDRA SWAMI

Devem ser mencionados alguns perigos contra os quais o ansioso aspirante deve guardar-se. O curso normal da mente é dirigir-se para fora, para o mundo objetivo, mas a meditação é o movimento inverso. Portanto, o iniciante que tenta concentrar sua mente por um longo período, especialmente em ajna chakra, sentirá uma tensão em seu cérebro.

Se o aspirante pratica a concentração além de sua capacidade e faz esforços violentos para fixar sua atenção no meio das sobrancelhas, ele corre o risco de causar dano às células nervosas de seu cérebro. Dor de cabeça aguda e embotamento no cérebro, prolongada sensação de resfriamento no meio das sobrancelhas, excessivo calor ou intensa irritação na testa são sinais de perigo.

Além disso, aqueles que desejam caminhar muito rápido no início do caminho espiritual e praticam além de suas capacidades, geralmente ficam cansados e exauridos em breve, e abandonam as práticas. Para evitar estes perigos o estudante deve começar a praticar a concentração por apenas alguns minutos de cada vez, e então vagarosamente aumentar a duração.

Se o cérebro ficar cansado e houver dor de cabeça durante a prática, interrompa o exercício e deixe a mente relaxar. Entretenha-se com alguma ideia religiosa ou artística. Comece as práticas novamente quando estiver novamente descansado, mental e fisicamente. Essa jornada espiritual não deverá durar um dia, mas sim meses e anos. Quem sabe quantas vidas serão necessárias para alcançar o destino final? Portanto, não seja impaciente. Trabalhe firme e calmamente. A prática firme e regular, sem pressa, é o que se precisa para o sucesso.

EXPERIÊNCIAS NA MEDITAÇÃO

1. No estágio preliminar de interiorização, certos sons que lembram o bater de um tambor, alto ou baixo, o fluir de um rio, o trovão, o zumbido de abelhas etc. serão ouvidos no ouvido direito. Certas cores também aparecerão entre as sobrancelhas. Esses sons e cores vêm e se vão e são constituídos dos cinco elementos.

Ao experimentar isso, alguns praticantes imaginam que fizeram grande avanço. Mas nada há de espiritual nestes sons e cores; são meramente reflexos causados pelo contato da mente com o plano físico sutil. Estes sons e cores podem prejudicar a concentração, se muita atenção lhes for dada.

2. Um pouco mais de interiorização leva a pessoa ao plano astral, onde também várias coisas são vistas e experimentadas. Muitas vozes sussurram nos ouvidos. Às vezes as mensagens são ouvidas claramente, mas apenas algumas são genuínas, enquanto que muitas são enganosas. Novamente o praticante deve ter cuidado. Ele não deve seguir cegamente qualquer mensagem ou voz ou sugestão.

Nesse estágio de contemplação, numerosas visões são vistas. Muitas delas são representações simbólicas de coisas, estados e forças do plano astral, mas algumas representam acontecimentos reais naquele plano. É melhor não se enredar com tais visões e vozes que vêm e vão. A pessoa deve tratá-las com indiferença e tentar estar focado no objetivo. Aspirantes sinceros não permanecem nesse estágio por muito tempo, mas passam por ele rapidamente.

3. (a) Após passar pelo plano astral,  a concentração se torna madura. A pessoa começa a ter experiências elevadas e bem-aventuradas de planos mais elevados. Santos de uma alta ordem, vivos ou mortos, frequentemente aparecem. Eles vêm para ajudar o praticante. Eles devem ser saudados e adorados. Às vezes falam sobre coisas espirituais e guiam o praticante.

(b) Visões de deuses e deusas também aparecem nesse estágio. A divindade ou avatar adorado pelo praticante aparece frequentemente. Até mesmo quando o praticante está de olhos abertos, quando está relaxado em posição sentada ou deitada. Essas experiências produzem grande felicidade e elevam a mente.

(c) Às vezes, eventos que acontecem em lugares distantes e outros que acontecerão no futuro são refletidos na consciência com detalhes. O poder de ler pensamentos também se manifesta. Nesse estágio, o praticante pode, se quiser, desenvolver os poderes de clarividência, clariaudiência e telepatia muito facilmente, mas se assim o fizer interromperá seu progresso espiritual. Por isso o praticante é avisado para não perder tempo em desenvolver estes poderes.

(d) Lampejos de luz de um caráter mais dinâmico ocorrem frequentemente. Uma luz refulgente dourada às vezes aparece ante os olhos, quando a pessoa está sentada quietamente, e todas as coisas desaparecem nela. Isso dura apenas alguns minutos. Tais lampejos indicam que a realização espiritual está chegando.

(e) A pessoa ouve um arrebatador som vindo do Coração espiritual no meio do peito, e isso rapidamente se espalha pelo corpo inteiro como uma corrente elétrica. Essa experiência deixa o praticante inteiramente abstraído do mundo exterior. Após uns quinze minutos este som se centraliza no ajna chakra e se transforma numa deslumbrante luz. Essa experiência é muito abençoada. Algumas palavras aparecem como que escritas por um relâmpago na testa. Elas são às vezes tão claras que a pessoa pode lê-las, palavra por palavra. Essas duas experiências vêm geralmente aos que praticam mantra japa por longos períodos.

4. Quando a consciência se aprofunda, estas visões e lampejos cessam e a pessoa começa a sentir um êxtase espiritual que aumenta regularmente. É um êxtase tão grande que a pessoa se sente irresistivelmente puxado para dentro dele. Nesse estágio todas as tentações mundanas perdem o poder de influenciar o praticante. Ele se sente atraído a lugares solitários, onde pode sentar-se sozinho e gozar da alegria interior.

O praticante agora entra numa nova fase. O sentido de esforço pessoal desaparece, mas a sádhana (práticas) se torna mais vigorosa e rápida. Seu êxtase espiritual se transforma numa profunda paz. Todo o mundo exterior é completamente apagado e a consciência goza de um repouso estático. Este é o nirvana, o samadhi.

Ao descer dessa experiência, o mundo parece ser uma sombra, sem substância – um jogo irreal, vão e inútil das qualidades irreais. Mas essa experiência ainda não é a experiência final. Então a Consciência começa a absorver o “Todo” em si mesma e gradualmente realiza sua unidade essencial com o “Todo”.

Existem ainda duas experiências mais, que não são descritas aqui, antes de se alcançar a experiência perfeita, em que a pessoa se funde no Absoluto.

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