NOVA ORDEM MUNDIAL : DESMISTIFICANDO AS TEORIAS DE CONSPIRAÇÃO ?


Esta série de posts surge da necessidade de suspeitar das Teorias Conspiranóicas, desmistificá-las e sobretudo buscar argumentos contra suas loucuras; às que especialistas de diversas áreas de conhecimento recorrem para explicar acontecimentos históricos. Sabemos o quão difícil que é compreender certos eventos, sobretudo quando somos imaginativos e vivemos de aparências. No entanto é preferível recorrer à razão e duvidar do que alimentar fantasias para afastar este mundo raro de nossa responsabilidade. Esta é a primeira entrega de doze artigos que serão postados de maneira mensal no MDig.

As Teorias de Conspiração tentam explicar todo acontecimento social, político, econômico como produto de grupos ou organizações encobertos (judeus, maçons, anarquistas, extremistas religiosos, etc.) Os conspiradores costumam ser liderados por personagens sinistros e/ou com corpos estranhos: um réptil com a pele de Barack Obama, o anticristo ou marcianos perversos, reunidos para submeter a humanidade à hora do apocalipse.

Uma de tantas teorias e mais famosa é a da Nova Ordem Mundial. Nela acreditam que um grupo elite controla o governo, a indústria, o dinheiro e os meios de comunicação através do Sistema de Reserva Federal (encarregado de guardar todos os fundos dos bancos americanos), o Fundo Monetário Internacional e a ONU; com o objetivo, dizem, de submeter a humanidade; no entanto só eles sabem o por quê de suas intenções sempre misteriosas. O assunto com as conspiranoias é que escolhem a que melhor encaixe com sua crença e ao presumi-las, buscam defendê-las a todo custo, mesmo quando nada sabem sobre o assunto.

Uma das ironias monumentais do discurso de um conspiranoico pode ser encontrado com frequência em como ele confessa sua condição de leigo, enquanto alega saber de fatos sobre física quântica, cosmologia, economia e genética que nenhum especialista sequer ousaria dizer. Cita fontes duvidosas e fala de livros que nunca leu, simplesmente se alimentando da corrente de outros posts e comentários conspiracionistas.

Toda crença é uma aposta de fé e para corroborá-la o conspiranoico mais pragmático se serve de santos, milagres, aparições, estigmas. O mesmo sucede com as teorias cujas provas de existência são como as "freadas de bicicleta" em nossa cueca (juro que é a última comparação escatológica que uso): aquela que deve permanecer oculta apesar do rastro. A "freada de bicicleta" da Nova Ordem Mundial são armas secretas, vigilância dos números de segurança nacional, registros minuciosos de códigos de barras, implantes de microchips, controle mental e aquele monte de evidências na Wikileaks... Para além de considerar isto como a prova irrefutável do cinismo político e econômico, as teorias mostram estas coisa como evidência do plano mestre da Nova Ordem Mundial.

Para os crentes das Teorias Conspiranóicas, a crise financeira da Espanha e Grécia em 2012, é outra prova contundente da Nova Ordem Mundial. O desemprego, a falta de serviços sociais, a fuga de capitais, as medidas de austeridade são diminutos apocalipses e a fome é traduzida como "genocídio". Falam de um complô mediático que oculta a elevada taxa de suicídios, prostituição e criminalização das pessoas participante nos protestos e marchas. A geração de partidos de ultra-direita na Grécia e sua candidatura à Presidência são encaradas como "sistemas assassinos de exploração e miséria". No entanto, a história dos partidos de ultra-esquerda que levaram seus países a condições similares é bem conhecida . Poderíamos pensar que o problema está nas medidas neoliberais, nos tratados mafiosos de banqueiros, na manutenção do Status quo, ou porque os políticos são ladrões. Mas na negativa ante a ideia de que o homem pode ser malvado por natureza, os conspiradores criam o seu Dr. Destino.
Barack Obama, o mago do Sol
O problema é que não há como exigir prova ás cuecas de fé, é muito simples dar um salto para o além sem dar explicações plausíveis do que foi feito. Vejam que o próprio Obama foi questionado na legitimidade de sua candidatura para a presidência dos EUA, devido a que nasceu em Honolulu, Havaí, é filho de um pai queniano (marciano) e de mãe Wichita (venusiana), motivo pelo qual mantinha em segredo uma dupla nacionalidade. Os teóricos gastaram páginas e mais páginas para dizer que ele havia comprado seu registro de nascimento no mercado negro, que seu número de seguro social era falso e afirmavam que antes de ser cristão era muçulmano, e com isso meio-irmão religioso do terrorismo. Enfim, que ser parente étnico de Osama Bin Laden era um impedimento para postular-se à candidatura e que sua mulher, muito bela e inteligente, podia ser um obstáculo para os benefícios da Nova Ordem Mundial.

Em geral sobre as teorias, e particularmente sobre a Nova Ordem Mundial, os teóricos dedicam-se a presumir um par de cuecas sujas, para expor que Barack Obama é o lagarto líder de uma conspiração. Não obstante, sabemos que a teoria e os malabares com palavras seriam desnecessárias, se demonstrassem uma simples língua bifurcada. Efetivamente, se tratasse de uma conspiração real, assumiríamos nossa derrota ante um ser superior, lhe conferiríamos poder para fazer e desfazer a vontade, e nos restaria perguntar cabisbaixos: que ação podemos realizar contra o líder de um grupo disfarçado impondo sua força? Para que fazer algo a respeito, se nenhuma ação tem relevância ante potências supremas?

Seja como for, todos temos crenças, defendemo-las para não nos complicar a vida e porque não é possível viver sem elas. Apostar pela crença é fácil, divertido, traz esperança, conforto e fantasia. No entanto, passar as crenças pelo filtro da dúvida e até o da evidência, mostra-nos as pessoas complexas que somos. Se lavamos os cuecas de nossa fé, talvez encontremos horizontes de novos pensamento. Sobretudo quando estamos no caminho de compreender o mundo e nossas crenças interferem com as soluções, ademais por que parar nossa busca e ficarmos só com aquilo que cremos? Por que não trocar a cueca velha, incluindo a do conhecimento? Não é melhor reavaliar nossas crenças?

Fonte:  Metamorfose Digital http://www.mdig.com.br/index.php?

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