HERBÁRIO VIRTUAL-REFLORA DISPONIBILIZA MAIS DE 420 MIL AMOSTRAS DE PLANTAS EM ALTA RESOLUÇÃO


 
 
Herbário Virtual-Reflora disponibiliza mais de 420 mil amostras de plantas em alta resolução em 30/9/2013


Lançado no dia 30/9/2013, projeto é passo decisivo para o cumprimento de uma das metas da CDB para 2020.

A partir de 30 de setembro, pesquisadores de todo o mundo e o público em geral terão acesso a mais de 420 mil imagens em alta resolução e dados de amostras de plantas brasileiras, com o lançamento do Herbário Virtual-Reflora. A iniciativa é do CNPq com execução do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que sedia o Herbário Virtual, e parceria com o Royal Botanic Gardens, Kew, no Reino Unido, o Muséum National d’Histoire Naturelle de Paris e a FAPERJ e FAPEMIG, com patrocínio das empresas Natura e Vale.

Nos séculos XVIII e XIX, naturalistas estrangeiros que visitavam ou residiam no Brasil, e alguns brasileiros, coletaram grande quantidade de amostras vegetais no país e as remeteram para herbários europeus. Essas amostras, denominadas tecnicamente de “exsicatas”, são de fundamental importância para o conhecimento da flora brasileira. Para ter acesso a elas, os pesquisadores são muitas vezes obrigados a viajar para os países onde estão guardadas. A iniciativa de repatriá-las em formato digital e disponibilizá-las online visa assim dar um grande impulso para os diferentes tipos de estudos que elas possibilitam.

“O interesse nessas exsicatas não se resume à Botânica. Elas são também um registro histórico do trabalho científico realizado no país, e proporcionam o conhecimento sobre quem fazia ciência, qual o pensamento e os métodos científicos utilizados em diferentes épocas, por naturalistas como Glaziou, Saint Hilaire, Von Martius”, explica Rafaela Campostrini Forzza, pesquisadora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e coordenadora do projeto.

Para a pesquisadora, herbários, virtuais ou físicos, são meios para se obter informação de boa qualidade e para gerar conhecimentos que subsidiem a tomada de decisões, como por exemplo as relativas à conservação da flora nativa. Daí a importância de democratizar o acesso ao material. “Se o público leigo quiser ter uma ideia, digamos, de como era a flora de Copacabana no início do século XX, poderá fazer isso vendo não só os nomes das espécies, mas as imagens das plantas coletadas naquele local, naquela época”, acrescenta.

Iniciado em 2011, o HV-Reflora já repatriou cerca de 120 mil imagens de amostras, com todos os dados, de Paris e de Kew. O projeto inclui ainda a digitalização das imagens e dados de todas as amostras que compõem o herbário físico do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o maior do Brasil. Das quase 600 mil exsicatas do JBRJ, 300 mil serão disponibilizadas online no dia do lançamento. As amostras do JBRJ mostram o trabalho dos nossos naturalistas e cientistas, como Kuhlmann, Sucre, Brade e Ducke, entre outros.

Em 30 de setembro, o HV-Reflora será o maior conjunto de imagens de amostras botânicas já disponibilizado no país. E já há três novos parceiros se preparando para participar do projeto – os jardins botânicos do Missouri e de Nova York (EUA) e o Herbário do Museu Histórico Nacional de Viena. A estimativa é de que, até 2015, chegue-se a 1 milhão de exsicatas online. Graças a um processo fotográfico de captura, mil novos registros são incluídos no sistema por dia. As imagens de altíssima resolução permitem analisar pequenos detalhes das amostras e tirar medidas das estruturas botânicas, entre outras facilidades.

Além de democratizar o acesso a todo esse acervo para qualquer pessoa via internet, o Herbário Virtual-Reflora é também um sistema que permite que os pesquisadores, por meio de login e senha, façam online a maior parte do trabalho feito em um herbário físico, como a reidentificação de amostras, inclusão de coordenadas geográficas e determinação de categoria dos tipos nomenclaturais. A plataforma é especialmente útil não apenas para a inclusão de novos dados, mas também para a correção de dados que possam ter sido transcritos com erros.

“O Herbário Virtual Reflora e a Lista online da Flora do Brasil (lançada pelo JBRJ em 2010) são os primeiros passos para a elaboração da Flora do Brasil – com todas as descrições, chaves de identificação e imagens – até 2020, uma das metas da Convenção para a Diversidade Biológica da qual o Brasil é signatário”, afirma Rafaela. Os dois sistemas são integrados, de forma que ao consultar uma amostra, é possível verificar o nome científico aceito na Lista, e vice-versa.

Um dos problemas para os estudos botânicos que o HV-Reflora ajudará a sanar é o das duplicatas. Às vezes, em uma mesma coleta, várias partes da planta podem dar origem a diferentes amostras, que são enviadas a diferentes herbários, e que, a partir daí, têm uma história própria, podendo resultar na atribuição de nomes diferentes para um mesmo espécime. Poder ver e comparar duas ou mais amostras na tela, em detalhe, permite ao pesquisador verificar se são ou não duplicatas. Segundo Rafaela Forzza, com esse tipo de análise, futuramente poderemos ter uma informação mais precisa de quantas coletas já foram realizadas no Brasil.

“Muitos dos enganos são centenários, pois só podiam ser verificados e corrigidos nos herbários físicos”, conta a coordenadora. Agora, os mais de 500 pesquisadores brasileiros e estrangeiros – os mesmos que já validam os dados da Lista da Flora do Brasil – poderão fazer um trabalho muito mais completo em rede. O manuseio virtual tem ainda a vantagem de facilitar a conservação dos originais, alguns coletados há quase 300 anos.

“Participar do Reflora reforça nossas crenças e compromisso em transformar desafios socioambientais em oportunidades de aprendizado e suporte para o desenvolvimento sustentável”, afirma Victor Fernandes, diretor de Ciência e Tecnologia da Natura. A empresa é parceira do Jardim Botânico desde 1998, e neste período já patrocinou outros projetos da instituição, como a “Coleção Plantas Medicinais”, o “Banco de DNA de espécies da Flora Brasileira”, “Projeto Montanhas da Amazônia” e a Trilha Histórica, em comemoração aos 200 anos Jardim Botânico.

“As viagens dos naturalistas europeus às Américas e as coleções estabelecidas com base nessas expedições são um marco na história da humanidade e do nosso entendimento do mundo que nos cerca. A apropriação desse trabalho, via sua digitalização em alta resolução representa um entendimento da sustentabilidade em um sentido mais profundo e plenamente alinhado com os ideais da Vale” explica Luiz Mello, diretor do Instituto Tecnológico Vale.

Acesse o Herbário Virtual-Reflora através do link: www.reflora.jbrj.gov.br
 
 
 
A exuberante flora brasileira está ao alcance de todo o mundo a partir deste domingo (29) graças a um "herbário virtual" com centenas de milhares de imagens em alta resolução, que está aberto à edição para pesquisadores, no estilo wiki.
O herbário, disponível gratuitamente no site www.jbrj.gov.br, é composto por 420 mil fotografias de plantas prensadas e desidratadas, muitas delas colhidas por naturalistas europeus nos séculos 18 e 19.

  • Natalia Pizzolatto/VocêManda/UOL
 
A coordenadora do projeto, Rafaela Campostrini Forzza, explicou à Agência Efe que a pesquisa no herbário virtual pode contribuir para conhecer melhor a flora brasileira, fomentar sua conservação e solucionar dúvidas sobre a distribuição geográfica de cada espécie vegetal, pontos que ainda se sabe pouco por causa da falta de dados.
"Acreditamos que, ao ampliar a quantidade de dados disponíveis, vamos poder responder [à incógnita] de que espécies estão extintas e também quais estão perto da extinção, o que pode nos ajudar a tirá-las desta lista. É o que esperamos", afirmou Rafaela.
A "grande inovação" do herbário virtual, segundo Rafaela, está em permitir aos pesquisadores de todo o mundo acessar o banco de dados e a editar "online" qualquer dado que julgarem que estar errado ou incompleto, sem supervisão de moderadores, no mesmo formato das páginas colaborativas, como a Wikipedia.
A rede de colaboradores está aberta de forma gratuita a instituições de todo mundo e já conta com 500 taxonomistas inscritos, que a partir de agora podem investigar a flora e alterar a informação de qualquer espécie.
"Algumas amostras são superantigas e a identificação pode ter mudado com o tempo. Esperamos que os pesquisadores consigam identificar se há problemas", comentou.

 

Comentários