POR QUE OS BRASILEIROS NÃO ROUBAM LIVROS ? - ROBERT THOMAZ



Por que os brasileiros não "roubam" livros ?

O livro para o brasileiro não tem o mesmo valor que para os americanos, europeus e argentinos. Existe uma forte convicção nos habitantes destes países que os livros são uma inquebrantável fonte de conhecimentos e sabedoria. Que os livros alavancam a consciência do ser humano a patamares de clara sapiência e justo conhecimento das verdades, ampliando-lhes o discernimento e a razão. A leitura abre os horizontes, desperta metas sociais, culturais e econômicas, trazendo desenvolvimento e progresso pessoais e consequentemente ao país. Nestes países um livro é visto como um bem capital, objeto de extremo valor, porque ele conserva e eterniza suas histórias, forma a consciência pública e agrega-lhes valores na forma de virtudes, qualidades e atributos. O livro educa, orienta e guia a consciência daqueles em formação e adiciona mais sabedoria e discernimento aos já formados. Um povo culto e esclarecido luta por seus direitos, reconhece seus deveres, dignifica-se com o trabalho vendo-o como uma necessidade estrutural e não como um sacrifício social ou econômico.

Mas o que leva o brasileiro a não comprar livros, a não ler com relativa frequência? Nosso povo não gosta e não tem o hábito de ler, porque o livro é caro e o brasileiro tem outras prioridades em sua vida tão difícil e árdua. Só para se ter uma ideia, um dos vários motivos que fazem o livro ser tão caro no Brasil é o aspecto da tiragem. Enquanto em outros países as tiragens giram em torno de 10.000 exemplares por edição, no nosso país o valor gira apenas na casa dos 2.000 exemplares.

Você sabia que em termos de porcentagens, os que mais lucram na produção e publicação de um livro são a livraria, o editor e o distribuidor, que embolsam valores em torno de 40%, 25% e 15%, respectivamente, sobre o preço de capa?

O mercado brasileiro é retraído, pequeno, e vendem-se poucos livros em função da falta do hábito de leitura. Como as edições são reduzidas, o custo por unidade elevado, torna-se quase inacessível a compra de um exemplar. É um nexo causal: tiragens pequenas projetam o custo unitário do livro lá para as alturas. Quem acaba pagando a conta não podia ser outro, é claro, senão o leitor.

O brasileiro não “rouba” livros porque o livro não é visto como algo de valor, como uma ferramenta fundamental a sua ascensão social e econômica, como uma opção cultural e de entretenimento. O livro não é algo substancial e relevante na vida e consciência do brasileiro. Sua preocupação é com a comida na mesa e a roupa que lhe cobre o corpo. Ele não está nenhum pouco errado, mas assim pensa porque é induzido a pensar desta maneira. Os governantes e parlamentares são os principais agentes da corrente contrária à cultura. Para eles não é interessante que o povo seja culto, esclarecido e informado. Quem é culto, esclarecido, sabe votar, pratica a probidade, a cooperação, a educação e os bons costumes com seus semelhantes, não permite desvios de conduta de seus governantes e funcionários públicos e muito menos aceita cabisbaixo os desmandos do poder público.

A culpa não é do povo brasileiro. Ele pensa assim porque não temos o hábito da leitura enraizado em nossas fontes culturais, em nossos pilares sociais.  

A NossosLivrosFree cumpre com sua responsabilidade social de assegurar às pessoas, de alguma forma, o acesso à leitura. Nossa visão de futuro é estimular e permitir o acesso do maior número de pessoas à leitura de obras contemporâneas, obras que lhes trarão conhecimento, entretenimento e cultura. Professamos estabelecer relações entre o autor e o leitor, criando condições para uma corrente positiva no alcance da melhora da qualidade do hábito da leitura e da obtenção de cultura. Não somos uma editora, não objetivamos o lucro. Nossa meta precípua é compartilhar o capital intelectual que dispomos no universo literário com todos que não podem adquiri-lo pelas mais diversas razões e motivos.
 
Robert Thomaz

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