DESINVERNAR - CRIS CAMPOS

 
Desinvernar
 
Dissipa-se o frio do inverno
mas as águas insistem em não cair
e a seca arrasta na poeira
os passos firmes dados em falso.
As pálidas faces desinvernam
e se oferecem para os raios
de um sol chocho
que hesita em raiar.
As águas congeladas de dentro
volitivas vão aos poucos,
ao som das faíscas de calor,
saindo do ócio,
abrindo vórtices,
amalgamando a superfície
com o que flutua.
Os cantos escuros misturam-se
ao barulho da massa
que gira lépida,
destroçando o hibernal
livre de suor.
Nas tavernas
a morte apenas adormecia.
Desperta agora
oferece sob a luz das estrelas,
um brinde ao luar.
Cris Campos

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