SAMSARA E NIRVANA




Um grande número de pessoas cercava Buda Shakyamuni no jardim de Amrapali. Após ouvir Buda falar sobre a “purificação do campo búdico”, seu discípulo Shariputra pensou: “Se o campo búdico é puro somente na medida em que a mente do bodhisattva é pura, então, na época que Buda Shakyamuni seguia a carreira de bodhisattva, sua mente provavelmente era impura. De outra forma, como poderia esse campo búdico parecer tão impuro?”. Em resposta à desconfiança de Shariputra, Buda “tocou com seu dedão do pé o chão desse universo galáctico de bilhões de mundos e esse foi subitamente transformado em uma enorme massa de pedras preciosas, uma magnífica coleção de centenas de conjuntos de pedras preciosas, até que se pareceu com o universo do Tathagata Ratnavyhula, chamado Anantagunaratnavyuha”.
Essa passagem do Vimalakirtinirdesa ilustra magnificamente a possibilidade de transformação do samsara a partir de um estado ordinário para um estado extraordinário. Implícito nessa imagem está um dos principais conceitos desenvolvidos no âmbito do Veículo Mahayana: a não-dualidade entre samsara e nirvana. De acordo com essa idéia, que certamente estava entre as mais importantes inovações do Mahayana, alcançar a libertação não é mais uma questão de deixar este mundo. O nirvana acontece aqui e agora, e, se não enxergamos isso, é apenas razão da impureza de nossa própria visão.

Ana Cristina Lopes Nina, em “Ventos da Impermanência


Ilustração chinesa para o Sutra de Amitabha, no momento em que Shakyamuni ensina ao discípulo Shariputra porque o Buda Amitabha tem esse nome

Fonte:http://darma.info/trechos/2006/12/samsara-e-nirvana/

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