MEMÓRIAS


Memórias

Agora, não temos a pele de nectar e ambrosia
Nem o cheiro delicado das manhãs amigas
O sabor nos lábios úmidos - únicos
Que em outros lábios não achei

Agora, as carícias pálidas
São tênues como brumas de verão
Já não temos o mesmo fogo
Que incendiava o coração

A comédia é quase finita
Insiste, porque o amor teimoso
Não desistirá de nós
Porque não nos desistiremos:
Sobreviveremos na memória

A saudade então irá passear
Por onde houver lembranças:
Nos bosques da infância
Nas tardes da nossa mocidade
              João das Flores



A memória dos outros

Memória se relaciona com conhecimento. Ao colocarmos em cena alguma ação física, ela repercute nos outros, através da memória, algo que não é indiferente àquele que vê. É que memórias se encontram, independente do tempo ou da geografia. Os encontros apaixonados são feitos de memórias acumuladas resgatadas sem pudores. Uma nação é feita de memórias. A minha, a sua, a do outro. A memória do outro passa a ser a sua quando é compartilhada. O corpo tem memória. Ele fala em gestos aquilo que sentiu. O ator, encenador e seu público têm uma memória coletiva. Em algum momento elas se encontram. Alguns espetáculos lidam melhor com isso; outros não. Boas ou ruins, as memórias nos fazem perceber que não estamos sós. As conexões sempre nos fazem próximos àquilo que se apresenta no palco. 

Fonte :http://pequenacompanhiadeteatro.blogspot.com/

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