EROS E THANATUS À FLOR DA PELE



Eros e Thanatos à flor da pele.
 Isso é possível? Penso que sim… Mas antes de tudo: quem são estes?
Thanatos e Eros são dois seres da mitologia grega, que personificam, respectivamente, o amor sexual e a morte. Segundo a mitologia grega, Eros seria filho de Afrodite (deusa da beleza, do amor e da sedução) e Ares (deus da guerra¹), enquanto Thanatos seria filho de Nyx (noite) e Erebos (escuridão).
Para a Psicanálise Clássica, Thanatos é a pulsão de morte, enquanto Eros é a pulsão de vida. Sigmund Freud - fundador da Psicanálise - acreditava na existência de duas forças opostas, presentes em todos os seres humanos. Uma dessas forças estaria direcionada para a vida e ligada à libido² e à sexualidade - Eros, a pulsão de vida; a outra estaria direcionada para a morte e seria resultante do desejo de todo ser humano de morrer - Thanatos, a pulsão de morte.
Mais uma vez, aqui estou, provando dos conceitos de Freud na prática.
Tenho uma Thanatos muito acentuada: gozo nos riscos e perigos, apelo para os caminhos mais difíceis, lugares mais arriscados e relações mais perigosas. Thanatos me leva, vez ou outra, a entrar num elevador velho num dia de chuva. Adoro o perigo.
Tenho uma Eros muito acentuada: gozo na segurança e estabilidade, prefiro os caminhos mais seguros, lugares mais iluminados e relações mais intensas. Eros me leva, vez ou outra, a andar mais de 100 metros só para atravessar uma rua na faixa de pedestres. Adoro a segurança.
Eles sempre estão à flor da pele.
Quando um sai de cena, o outro assume, mas eles não se dão muito bem… Como os anjinhos e diabinhos dos desenhos animados: sempre no meu pé, lutando por espaço…
Eros é cuidado e estabilidade. Prefiro estar com ele, pois experimento sentimentos profundos, vivo relações duradouras. Eros me trouxe os amigos.
Thanatos é perigo e curtição. Prefiro estar com ele, pois experimento sentimentos superficiais, que não me trazem problemas e preocupações. Thanatos me trouxe os momentos.
Mas eles nunca andam juntos!
Quando Thanatos me leva à esbórnia, à uma satisfação intensa e superficial, trazendo com isso carência e angústia, Eros assume, me trazendo uma paixão, um novo amor, me mostrando que posso ir além.
Quando Eros me traz uma paixão, um novo amor, trazendo com isso decepção e angústia, Thanatos assume, me levando à esbórnia e me mostrando que também posso estar por cima.
Eles sempre estão assim: à flor da pele.
Com Eros o gozo é maior, a queda também.
Com Thanatos a queda é menor, o gozo também.
Eles não aceitaram minha proposta: “casem-se!”
Thanatos me disse: “Eros não me deixará em paz, exigirá fidelidade e atenção: não posso!”
Eros me disse: “Thanatos não me deixará em paz, exigirá abertura e liberdade: não posso!”
À flor da pele.
E você, quem escolhe?
Eros ou Thanatos? Thanatos ou Eros?
Talvez você prefira, como eu, estar com os dois à flor da pele…
¹ Ares é conhecido como o deus da guerra, mas oficialmente esse é o papel de Atena. Ares é tido como o deus da guerra sangrenta, enquanto Atena, da guerra estratégica.
² Para Freud, a libido é a energia aproveitável para os instintos da vida. Eu penso que a libido também seja uma energia aproveitável para os instintos de morte, afinal, também gozamos no perigo.
Fonte : http://inspiracoeseexpiracoes.tumblr.com/

INSTINTO DE  MORTE   X   INSTINTO  DE VIDA 
  (Thanatos)      x      (Eros)

Os instintos de vida e de morte fazem parte do cotidiano humano. Freud foi o primeiro a observar tais aspectos,que chamou de Thanatos (busca da morte) e Eros (luta pela vida). Pendendo mais para um lado ou para o outro, a realidade é que todos nós carregamos esses dois instintos, nos quais devemos ficar vigilantes para que se mantenham em equilíbrio.
Um processo mental negativo que vem se expandindo no mundo atual é o chamado "Instinto de Morte". Desde que nascemos; ou melhor, desde o instante em que somos fecundados, o espermatozóide e o óvulo dos nossos pais trazem a certeza do nosso fim. Dentre o material genético conduzido pelos gametas, encontram-se as forças que condicionam o tempo existencial de todos os seres viventes, quer animais ou vegetais. Ninguém escapa a essa prévia programação bioquímica. Isso não significa que a Natureza escreve em rígidas regras biológicas o nosso destino; ou, que os seres vivos ao nascerem, tragam pronto, um projeto existencial. Além da influência genética, o Homem terá a sua vida determinada por seus hábitos, por sua conduta e por sua inserção no sistema psico-bio-social.  Viver pouco ou muito, notadamente em nossos dias, depende de tantos fatores alheios e aleatórios ao indivíduo que os genes se tornaram secundários na planificação da existência terrena. Basta nos lembrarmos da quantidade crescente de mortes prematuras provocadas pelos acidentes, guerras, assassinatos, suicídios, drogas e outras causas; que pouco ou nada se relacionam com a herança genética. Quem primeiro observou os impulsos destrutivos foi o gênio de Sigmund Freud. Para o criador da Psicanálise a pulsão de morte (Thanatos) é representada por forças que atuam no sentido de fazer o organismo voltar ao estado anterior de inércia. Isto é, regredir à matéria inanimada que o compõe. Sabemos que ao morrerem os organismos se decompõem em seus constituintes minerais e serão reutilizados na constituição e manutenção de outros seres vivos. É o eterno ciclo ecológico. O instinto de morte (Thanatos) funciona acelerando esse ciclo, opondo-se à pulsão de vida, que Freud chamou de Eros. É mais cômodo denominá-las de Instinto de Morte e Instinto de Vida, além de que, podemos chamá-las de genéticas e inconscientes. Instinto de morte e instinto de vida contrapõem-se  e, juntos, dão origem a muitos comportamentos ambivalentes, contraditórios e "esquisitos", comuns na conduta dos humanos; tais como: amor/ódio; alegria/tristeza; atração/repulsão; afetividade/agressividade; sadismo/masoquismo; anabolismo/catabolismo  e outros mais. Para Freud, essas duas tendências opostas já existiriam a nível celular, tendo "Thanatos" a tarefa de desestruturar a célula  e  "Eros", a de conservá-la. São muitos os fatores a serviço do instinto de morte contidos nas doenças mentais e psicossomáticas, nos acidentes e incidentes do nosso dia-a-dia. Não podemos deixar de reconhecer, também, as doenças infecciosas e muitas afecções que nos perseguem ao longo da existência.

                D I S T Ú R B I O S

De modo geral, as perturbações biológicas dependem da capacidade do Organismo se defender dos  ataques do seu meio ambiente. O sistema imunológico é o obstáculo maior às doenças que atingem os seres vivos. Sabe-se que o estado emocional é fator preponderante na atuação desse sistema defensivo. E, ainda, que pacientes no pré-operatório e outros traumatizados têm maior dificuldade em se recuperar, quando estão deprimidos, por se sentirem  abandonados e rejeitados pelos familiares e amigos.  Nos EUA constatou-se, em diversos hospitais de acidentados, que os internados que não recebiam visitas de parentes ou amigos, tinham o seu tempo de hospitalização mais prolongado que os outros pacientes que recebiam a estima e solidariedade dos seus visitantes. A depressão emocional afeta o sistema de defesa orgânica tornando as pessoas susceptíveis a muitas enfermidades e, até mesmo, às doenças malignas. Com freqüência vemos alguns portadores de câncer viver mais que o esperado, graças à sua grande vontade de viver. Muitos, ao perderem um ente mais querido, logo vêm a falecer também, como se internamente desejassem acompanhar aquele que se foi. Essa força interna que desestrutura a pessoa e apressa o seu fim; é o que se chama de "Instinto de Morte" (Thanatos). E, a força contrária que preserva a vida, prolongando a saúde ou até curando males que para muitos são tidos como incuráveis; é  o  "Instinto de Vida" (Eros). "Thanatos" é o ódio do Amor; o negativo do positivo; é o sofrimento que acompanha o prazer; é a inércia do dinamismo; é a doença que acompanha a saúde e a morte que persegue implacável a vida. No atendimento clínico temos o cuidado de observar o nível de "Eros" e de "Thanatos" presente no paciente que nos consulta. Na anamnese e no questionário de vida que se faz, podemos avaliar a direção em que ele pende entre os opostos Eros-Thanatos. São muitos os sinais que indicam a perigosa preponderância dos instintos de morte. As evidências mais comuns do declínio vital são: masoquismo, alcoolismo, tabagismo, uso de drogas, obesidade, dirigir veículos em alta velocidade, gostar de aventuras arriscadas, atração em demasia pelo desconhecido e por cenas mórbidas, propensão para ver e ler acontecimentos  de violência e de horror, ostentar figuras macabras,como caveiras,armas,sangue,morte,sepultura e outros ( se for em forma de tatuagem, mais grave ainda) ,  etc.  Os que pensam em suicídio e os masoquistas são  os expoentes do instinto de morte. Estes últimos vivem a reclamar de seus fracassos e de suas penas. Machucam-se amiúde, mas não reconhecem que são eles mesmos que fazem o seu purgatório.

           SÍNDROME   INCONSCIENTE  

Há pessoas que constantemente se ferem, caem, machucam-se e estão sempre tendo prejuízos de ordem financeira, moral e física. Existem profissões que são típicas daqueles em que o instinto de morte está mais presente. São as que mais se avizinham do perigo de morte, como o pára-quedismo, alpinismo, condutores de veículos corredores, pilotos e algumas outras. Um exemplo bem claro de portador da síndrome inconsciente de morte é aquele que participa de "pegas", assim como os que assistem ou se sentem atraídos por tais exemplos de exibicionismo patológico. Há casos em que as pessoas assumem profissões de risco, como no caso dos pilotos, por necessidade explícita de sobrevivência. Nesses casos em que elas não estão sob a influência de "Thanatos", logo deixam essas profissões perigosas, assim que conseguem outro meio mais seguro de ganhar a vida. Se alguém participa de uma corrida de carro porque necessita de dinheiro e não tem outra forma de ganhá-lo, não significa que tenha uma programação de morte inconsciente. Todavia, caso não mais necessite desse tipo de atividade para sobreviver e continua  a se arriscar nas corridas; aí sim, estará sendo conduzido por seu instinto de morte. Uma pessoa que não se sente realizada social e financeiramente, poderá  entrar no domínio do "deus da morte". Não é por acaso que em tempos de crise financeira ou moral, o número de suicídios aumenta; cresce o índice de acidentes, principalmente os de carro e do Trabalho.  Ao contrário do que muitos imaginam, o instinto de morte está mais presente e dominante entre as pessoas mais novas em idade. Justamente neles, mais imaturos, é que se vê a atração por aventuras e pelo perigo ( confundida com curiosidade e coragem). Eles gostam de viver perigosamente, como costumam se defender os adolescentes e outros imaturos de mais idade. A preferência por vícios e pela infração às Leis e às Normas sociais é bem notória entre eles. É raro encontrarmos, por exemplo, alguém com menos de 30 anos que dirija um veículo com prudência  e respeito às Leis de Trânsito.  O trânsito é o maior e melhor mostruário de "Thanatos". Basta observar a conduta de um motorista para se verificar para onde pende o nível de sua escala existencial. Um conhecido meu, sempre que brigava com a esposa em casa, saía para o trabalho " à mil por hora"; morreu na estrada, após atropelar um inocente que caminhava no acostamento.  Pode ser paradoxal para o leitor que  a maioria dos festivos e risonhos jovens que pratica esportes perigosos, que acelera "corajosa" e velozmente seus carros, motos e lanchas; contenha  uma programação de morte em seus inconscientes !  Mas, compreenderemos melhor esse paradoxo, analisando minuciosamente o conteúdo existencial de suas mentes, onde, em sua maioria, estão ausentes os objetivos maiores da Espécie Humana..., da própria  Criação !  Muitos comportamentos pessoais que a sociedade valoriza como a coragem, intrepidez, heroísmo, sacrifício e abnegação são, algumas vezes, frutos do instinto de morte, em que o indivíduo valoriza mais um objeto que a si mesmo. Outras formas de pouco auto-estima  que evidencia a predominância dos impulsos destrutivos de "Thanatos", são as verificadas no relacionamento dos pais com os seus filhos. São muitas as queixas de pais referindo-se ao "sacrifício" exigido na criação e educação deles. Quando crescem, dizem os pais, não lhes dão a contrapartida ou mesmo o reconhecimento que julgam merecer por seus "sofrimentos". O cuidado com os filhos é uma tarefa imprescindível à criação, pois a criança é um dos seres mais frágeis dentre os demais existentes na natureza, merecendo muita atenção e zelo dos pais. Todavia, ao crescer, torna-se desnecessário muito sacrifício dos pais, a não ser que eles "queiram" a dependência de seus filhos ou estejam imbuídos de forte sadomasoquismo que, por sua vez, é motivado pelos impulsos auto-destrutivos de "Thanatos.  Há pais que se tornam escravos de seus filhos, suprindo-os material e afetivamente até a idade adulta. Temos vistos pais que deixam de se alimentar convenientemente, a fim de atender aos caprichos de seus filhos e aos anseios de seus inconscientes negativos. Tais pais perderam a auto-estima , transferindo,inconscientemente, para os seus filhos, o investimento que para eles deveria está dirigido. Estão eles valorizando mais outras vidas biológicas que as suas; inclusive perdendo o valor perante os próprios "filhos-parasitas" ; que não poderão admirá-los porque são vistos como frágeis demais para lhe servirem de modelos. Ninguém admira ou ama aqueles que demonstram fragilidade maior que a nossa.
Fonte : CARLEIAL Bernardino Mendonça-Psicólogo-Clínico  pela PUC/Minas


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