O SENTIDO DA VIDA

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A esposa, o pai, a mãe e o irmão de
Viktor Frankl morreram nos campos
 de concentração da Alemanha nazista.
 Só sua irmã sobreviveu. Suportando
fome, frio e brutalidades extremas,

primeiro  em Auschwitz e depois em
Dachau, o próprio Frankl esteve sob
constante ameaça de ser enviado
 para a câmara de gás. Em seu
primeiro dia como prisioneiro,
perdeu todos os seus pertences,
 inclusive um manuscrito científico
 que considerava a obra de sua vida.

Essa história poderia levar qualquer

 um a acreditar que a vida não tem
sentido e que o suicídio é uma  
opção razoável. Mas, apesar de
ter sido jogado no fundo do poço
da humanidade, Frankl emergiu
 como um otimista. Seu raciocínio
 era simples: ele acreditava que,
mesmo sob as mais terríveis
condições, as pessoas  têm
liberdade para escolher como
 encarar as circunstâncias e

 delas extrar algum sentido. (...)

As partes mais pungentes de
 

Em busca de sentido (obra dele
 de 1959) são as lembranças dos

 pensamentos de Frankl que lhe
 davam vontade de viver.
A imagem da esposa, por exemplo,

 era sua única luz nos dias sombrios
 dos campos de concentração. (...)

Profeticamente, ele se imagina,

depois da libertação, fazendo
 conferências sobre coisas que

nunca  deveriam voltar a acontecer.
 E havia também o desejo
permanente de rabiscar notas

com as  lembranças de seu
manuscrito perdido.

Mas havia os que preferiam
 fumar seus últimos cigarros
 em vez de trocá-los por
restos de comida - esses
haviam  decidido que a vida
 não tinha mais nada a lhes dar.

Para Frankl, esse modo de pensar
é um terrível equívoco. (...)

Enquanto a psicanálise freudiana

requer introspecção e autocrítica
para revelar a base da neurose de
uma pessoa ("desejo de prazer")
e Adler prega a terapia individual
("desejo de poder"), a logoterapia
tenta criar um distanciamento
para que pessoa veja sua vida
 de uma perspectiva mais ampla.

O "DESEJO DE SIGNIFICADO"
é a força motivadora primordial
 do ser humano.

Frankl recorda a visita ao seu

consultório, em Viena, de um
diplomata norte-americano que

 passara  cinco anos fazendo
psicanálise. Vinha com um
diagnóstico de que a insatisfação
 com o próprio emprego estava
relacionada ao seu pai biológico.
O governo dos Estados Unidos

representaria seu pai e por isso
 era o objeto superficial de sua
aflição, ao passo que o verdadeiro

 problema eram seus sentimentos
para com seu pai. 

Frankl, porém, diagnosticou
 falta
de propósito no trabalho e sugeriu
uma mudança de carreira.

O diplomata seguiu seu conselho
e nunca mais olhou para trás.

O fundamental nessa história é

que a logoterapia encara a angústia
existencial não como neurose

 ou doença mental, mas como um
sinal de que estamos nos tornando
mais humanos no desejo de

 significado. Em contrataste com
Freud e Adler, Frankl não via a
vida como uma busca de satisfação

 dos impulsos e instintos, tampouco
como um processo de "ajustamento"
 à sociedade. Para ele, o aspecto
 mais extraordinário do ser humano
 é o livre-arbítrio. 

FONTES DE SENTIDO

A logoterapia diz que a saúde

mental emerge quando aprendemos
a cobrir a lacuna entre o que somos
 e o que podemos via a ser. Mas e
 se ainda não identificamos o
que podemos via a ser?

Frankl observa que o indivíduo

moderno tem de lidar com uma
liberdade quase excessiva. Não

vivemos de acordo com nossos
instintos, tampouco a tradição
nos serve de guia. Nesse vácuo

 existencial, a busca de sentido 
frustrada é compensada pela
necessidade de dinheiro, de sexo,

 de diversão e até de violência. 

Não estamos abertos às várias
 
FONTES DE SENTIDO, que,
segundo o autor, são:
(1) Criar um trabalho ou realizar
 uma façanha
(2) Experimentar algo ou encontrar

 alguém (amor)
(3) Atitude que assumimos para

 evitar o sofrimentos

A primeira é uma fonte clássica,

definida como "propósito de vida"
em boa parte da literatura de

 auto-ajuda. Nossa cultura aspira
 à felicidade, mas Frankl diz que
isso não é algo que devemos

 buscar diretamente. Ele define
 a felicidade como um subproduto
 da absorção do indivíduo em

uma tarefa que demanda toda
a sua imaginação e todo o seu
 talento.

A importância da segunda fonte

é tornar a experiência (interior e
exterior) uma alternativa legítima

 numa sociedade construída sobre
a idéia de realização.

A terceira dá ao sofrimento um

sentido - mas que sentido? Frankl
admite que talvez nunca saibamos

 a resposta, pelo menos não até
que seja tarde. 

O fato de que não
compreendemos o
sentido não
significa
que ele não existe.

Às pessoas que dizem que a vida
 não tem sentido por ser transitória
Frankl responde: "É a não
realização do potencial que
carece de sentido, não a vida
em si mesma." Nossa cultura
venera a juventude, quando é a
 maturidade que deveríamos
admirar, pelo tanto que a pessoa
 mais velha já amou, sofreu e realizou.

A realização de nosso potencial,

 por mais humilde que seja,
deixará uma marca permanente

na história do mundo e é a
decisão de deixar essa marca
 que define a responsabilidade.


A liberdade é apenas a metade
da equação. A outra meta é a
responsabilidade de agir com
base nela. 



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